Violência gera medo no campus da UFPA

Na Universidade Federal do Pará – UFPA, o medo da violência parece ser preocupação recorrente de toda a comunidade acadêmica. Banhado pelo Rio Guamá e encravado entre os dois bairros mais populosos e violentos de Belém (o Guamá e o Terra Firme), o campus universitário sofre com as desigualdades expressas no seu entorno.

São comuns os furtos, assaltos, tráfico de drogas, pequenas contravenções, arrombamentos de veículos... No entorno, também ocorrem muitos crimes contra a

vida, principalmente de extermínio. No final de semana que precedeu o 29º Congresso do ANDES-SN, foram sete assassinatos. Conforme a Polícia, todos eram “bandidos”.

“A situação era muito pior até a conclusão das obras de urbanização da Avenida Perimetral, inauguradas em janeiro do ano passado para facilitar o acesso dos turistas ao Fórum Social Mundial, realizado na cidade”, explica o agente de segurança Isaías dos Santos. Segundo ele, com a duplicação de parte da via e a construção do terminal de ônibus, muitas famílias foram retiradas da área. “Isso diminuiu a criminalidade”.

O agente de vigilância Alexandre de Assunção Lima concorda. “Dentro do campus, a violência está muito mais controlada. Já foi muito difícil, temíamos até pela nossa própria vida. Mas as obras e o reforço da segurança interna minimizaram o problema”, garante. De acordo com ele, as polícias têm dado suporte à instituição. “São dois postos instalados no entorno, além da a Delegacia de Polícia, remanejada para a região”.

Big Brother

A instalação de 28 câmeras eletrônicas de alta resolução também contribuiu para a melhoria das condições de segurança do campus. O coordenador de Monitoramento, Luiz Carlos Santos, conta que são oito câmeras fixas nos portões de acesso e 20 móveis, todas elas com zoom de até 36 vezes, que chegam a cobrir uma área de até 1,5 Km. “Todas funcionam por fibra ótica”.

Segundo ele, logo que as câmeras foram instaladas, a vigilância pode observar que a universidade era utilizada como ponto de distribuição de drogas entre traficantes e aviões. Também foram verificados muitos furtos e pequenas contravenções. E, claro, algumas ocorrências de sexo explícito, envolvendo, principalmente, estudantes. “No início, eles ficaram contra as câmeras, mas hoje já viram que elas só melhoram a situação”.

O coordenador lembra que a primeira fase do projeto, já concluída, consumiu R$ 560 mil. A segunda, que prevê a implantação de mais 20 câmeras nos campi Profissional, Saúde e Tecnológico, deverá chegar ao mesmo patamar. Trata-se do Projeto Anel de Olhar da UFPA, que prevê o cerco de todas as áreas externas dos campi.

Alerta vermelho

Apesar dos investimentos, as câmeras ainda não cobrem toda a extensão do campus Guamá. “Há certas regiões que não possuem fibra ótica e, por isso, não podem ser monitoradas. São as áreas vermelhas, que demandam a máxima atenção e cuidado”, conta ele.

Conforme o coordenador de Monitoramento, essas áreas exigem mais trabalho dos cerca de 68 agentes de vigilância e 25 seguranças terceirizados, que trabalham na universidade a cada turno. São áreas como o entorno do Restaurante Universitário – RU e a praça que fica entre a capela e o porto, onde canoeiros atracam para assaltar os transeuntes. Outra área perigosa é a da ponte de pedestres, essa sim já sob monitoramento.

Fonte: ANDES-SN