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sexta-feira, junho 25, 2010

Master nasceu há 50 anos na luta pela reforma agrária no RS







No dia 24 de junho de 1960, há exatos 50 anos, surgiu no Vale do Rio Pardo um movimento que antecipou, no Rio Grande do Sul, as propostas e estratégias do MST na luta pela reforma agrária.

O Movimento dos Agricultores Sem Terra (Master) nasceu no município de Encruzilhada do Sul. O motivo foi a tentativa de um proprietário de terras de retomar uma área com cerca de 1.800 hectares, situada no distrito de Faxinal – que hoje faz parte do município de Amaral Ferrador –, que há 40 anos era habitada por cerca de 300 famílias.

Mais tarde, associações de agricultores sem-terra foram criadas em dezenas de municípios gaúchos.

A partir do segundo semestre de 1961, o Master ganhou o apoio decisivo de Leonel de Moura Brizola, governador do Estado entre 1959 e 1962.

O mês de janeiro de 1962 marcou a explosão do Movimento, com a instalação de diversos acampamentos de sem-terra, para obter desapropriações e assentamentos.

Milhares de agricultores participaram das mobilizações, até que, em 1964, o golpe militar encerrou as atividades do Master. Lideranças e militantes foram presos, torturados, exilados.

A disputa pela terra seria retomada apenas em 1979, com a ocupação das fazendas Macali e Brilhante, no complexo da Fazenda Sarandi – ocupação que é considerada a gênese do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fundado em 1984.

“Tanto o Master como o MST surgem tendo como bandeira central a luta pela reforma agrária, motivados pelo alto índice de concentração da propriedade da terra e pela falta de perspectivas de sobrevivência, exceto pela luta e o processo de organização dos agricultores”, explica a engenheira agrícola Córdula Eckert, autora da mais completa pesquisa acadêmica já realizada sobre o tema.

Ela explica que o Master foi o precursor do MST, na estratégia de luta: a formação de acampamentos na beira das estradas, junto às propriedades cuja desapropriação era reivindicada. “O MST herdou do Master o ritual de luta pela terra”, reforça o sociólogo Ivaldo Gehlen, da Ufrgs.

Já existiam as Ligas Camponesas e a União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (Ultab), mas sua influência no Estado era mínima.

Os agricultores sem-terra reunidos pelo Master, segundo Córdula Eckert, eram os assalariados permanentes e temporários que – pela pouca geração de empregos no campo e as más condições de trabalho oferecidas – ansiavam pela posse da terra como forma de garantir sua sobrevivência e a da família; os posseiros, parceiros, arrendatários e agregados que, apesar de terem acesso à terra, tinham-no de forma instável; os pequenos proprietários, que desejavam aumentar a sua propriedade; e os filhos de pequenos proprietários que, ao casar, queriam permanecer como agricultores mas nem sempre a terra do pai era suficiente para atender as suas necessidades.

Modernização

Grandes proprietários também participaram do Movimento. Em Sarandi, no norte do Estado, por exemplo, que foi o cenário de uma das maiores ocupações em 1962, grandes produtores – apesar de não participarem do acampamento – foram beneficiados com parte da área desapropriada pelo governador Brizola.

Segundo João Carlos Tedesco e Joel João Garini, autores do livro Conflitos Agrários no Norte Gaúcho: 1960-1980, produtores mecanizados de arroz e trigo – apesar de não integrarem o Movimento – atuaram conjuntamente em algumas ocasiões. “Muitos fazendeiros acreditavam que a reforma agrária traria a modernização da agricultura. Havia um ambiente público favorável à questão”, comenta Ivaldo Gehlen.

FONTE: MST

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