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segunda-feira, julho 26, 2010

Um mês após tragédia, famílias ainda vivem em abrigos improvisados em Alagoas

Um mês depois da tragédia provocada pela cheia do Rio Mundaú nos estados de Alagoas e Pernambuco, milhares de desabrigados ainda estão vivendo em abrigos improvisados em escolas e ginásios de esportes nas pequenas cidades dos dois estados. São pessoas que tiveram a casa e os pertences levados pela correnteza e não tiveram a sorte de encontrar abrigo na casa de amigos ou parentes.

De acordo com a Defesa Civil de Alagoas, as chuvas deixaram 26.618 desabrigados no estado. Em Pernambuco, são 26.966 pessoas sem casa. Em Alagoas, 18 715 residências foram destruídas pelas águas e em Pernambuco, 14.136.

Embora não haja nos abrigos reclamações quanto à falta de alimentos, água, produtos de limpeza e de higiene pessoal, a falta de uma casa para morar é um drama para as famílias que tentam, aos poucos, retomar as ações cotidianas.

A dona de casa Quitéria Maria da Silva, de 34 anos, aguarda com preocupação a chegada do terceiro filho. “Como é que vou cuidar de uma criança recém-nascida nessas condições? Como é que vou 'guardar meu resguardo', tendo que dormir no chão em uma sala de aula com mais um monte de gente?”, questiona a dona de casa, que está no nono mês de gravidez.

A cheia destruiu completamente a casa onde ela morava em União dos Palmares, na Zona da Mata alagoana. O município viu ruas inteiras desaparecerem pela força das águas, que destruíram 2.830 casas da cidade. “Eu só tive tempo de pegar meus dois filhos e os documentos. Saímos só com a roupa do corpo. Ganhei aqui algumas roupas para o enxoval [do bebê], mas não são suficientes”, disse Quitéria.

Parte das famílias, segundo uma voluntária da Defesa Civil de Alagoas, serão transferidas nesta semana para barracas que estão sendo montadas no bairro Roberto Corrêa de Araújo, conhecido como Bairro dos Terrenos, uma área mais afastada do centro da cidade. “Como é que eu vou cuidar de um bebê em uma barraca?”, preocupa-se Quitéria.

Há ainda em União dos Palmares os que tentam voltar para a margem do rio, onde as construções foram completamente varridas pelas águas. É o caso dos irmãos Antônio e Cícero Adriano do Nascimento. Eles contam que é a terceira vez que vão reconstruir o lava-jato da família. “Para lavar os carros, usamos a água do rio. Se tiver que pagar a água da rua, não tem como ter lucro. É muito caro. Então, vivemos do rio e vamos fazer tudo de novo”, disse Adriano.

Cícero conta que já tinha visto o lava-jato ser destruído nas enchentes do Rio Mundaú em 1989 e em 2000. “Mas dessa vez foi mais feio. Vamos fazer tudo de novo”, disse ele.

O abrigo em União dos Palmares,que funciona em uma escola e atende a 116 famílias, precisaria ser desativado para dar lugar às aulas até a próxima semana. Sem ter para onde levar tanta gente, os governos de Alagoas e de Pernambuco já anunciaram que vão adiar a volta às aulas dos 90 mil alunos dos dois estados. Além de haver várias escolas ocupadas pelos desabrigados, muitas foram destruídas pelas águas. Só em Alagoas, 122 escolas foram atingidas pela cheia.

Existem outros municípios estão na mesma condição. Em Branquinha, um dos mais atingidos, os moradores também estão abrigados em escolas e alguns foram acolhidos nos acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) que existem às margens da rodovia que corta os imensos canaviais de Alagoas. Branquinha teve 90% de suas ruas destruídas pela força das águas.

Em Murici, outra cidade bastante afetada, os moradores se concentram em um ginásio de esportes à beira da estrada. Imensos varais com roupas foram esticados ao longo da rodovia e subindo o morro repleto de plantações de cana-de-açúcar.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL

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