Passado 20 de Novembro - Dia Nacional da Consciência Negra - começa, segundo analistas ouvidos por Afropress, a disputa entre lideranças negras por espaço no Governo da presidente eleita Dilma Rousseff, que assume a partir de 1º de janeiro do próximo ano. O principal alvo é a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), no momento ocupada pelo ministro Elói Ferreira de Araújo.
Araújo gostaria de continuar no cargo e, segundo informações que circulam na Esplanada, trabalha para isso e busca o apoio do ex-ministro e deputado federal reeleito Edson Santos para continuar.
O fato de não integrar a comitiva do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à África, visto como sinal de desprestígio, uma vez que em quase todas as viagens à Africa Lula sempre incluiu o ministro chefe da SEPPIR, acabou compensado pelo fato do atual ministro ter sido anunciado oficialmente como representante de Lula e da presidente eleita na Festa de entrega do Troféu Raça Negra, no último dia 15, promovida pela Afrobrás e Faculdade Zumbi dos Palmares, na sala S. Paulo.
Nem Araújo, nem Edson Santos falam sobre o tema. Este último, a um pedido de entrevista feito pela Afropress, preferiu não responder a pergunta sobre se gostaria de voltar ao cargo, assim como também negou-se a responder outras perguntas.
Na Comissão de Transição não foi designado nenhum negro, ao contrário do que aconteceu no primeiro governo do presidente Lula, quando a ex-ministra Matilde Ribeiro, foi membro atuante da transição, passando a ocupar a SEPPIR, a partir de março de 2003, quando a Secretaria foi criada.
A SEPPIR, que é uma Secretaria ligada à Presidência da República com status de ministério dispõe de 43 cargos de confiança e um orçamento que este ano foi de R$ 60 milhões.
Briga de foice
No âmbito dos Partidos que fazem parte da base do Governo, PT e PC do B pretendem continuar no comando da SEPPIR. Atualmente, os dois partidos dirigem a Secretaria, com o PT ocupando a maioria dos cargos, inclusive de direção, como o de ministro, secretário adjunto - o sociólogo João Carlos Nogueira - e o Secretário de Ações Afirmativas, Martvs Chagas. O PC do B tem Alexandro Reis, na secretaria de comunidades tradicionais, além do assessor parlamentar e ex-deputado estadual de S. Paulo, Benedito Cintra.
A largada para a sucessão na SEPPIR foi dada pelo PC do B, que já anunciou que disputará espaço na Esplanada e está de olho em ministérios da área social.
Para a SEPPIR, o Partido, por meio da UNEGRO (União de Negros pela Igualdade), que reúne os ativistas negros filiados ou próximos, estaria apostando na vereadora baiana, Olívia Santana (foto).
A vereadora, na análise de dirigentes do Partido e da UNEGRO preenche os requisitos de, além de mulher negra, ser militante do Partido há vários anos e ativista do Movimento Negro. É também parlamentar e na última eleição teve cerca de 30 mil votos para Deputada Estadual na Bahia. b>
Afropress telefonou para o gabinete da vereadora pedindo uma entrevista, porém, nem seus assessores, nem a própria retornaram.
No PT, os nomes mais indicados são o de Matvs Chagas, do PT de Minas, e do atual secretário adjunto João Carlos Nogueira, do PT de Santa Catarina.
Analistas com trânsito na Coordenação Nacional de Entidades Negras do PT (CONEN), confirmam que, apesar do Partido não dispor de preferência ainda por nenhum nome, pelo menos uma coisa está definida: o PT não está disposto a entregar a SEPPIR ao PC do B e para defender o espaço "não hesitará em se pintar para a guerra".
FONTE: AFROPRESS
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