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sábado, junho 09, 2012

A conta do Mensalão


Não se sabe o destino dos 38 mensaleiros no Supremo Tribunal Federal. A gravidade dos delitos varia, nem todos fizeram as mesmas coisas. Alguns podem mesmo ser absolvidos, outros podem ir direto para a cadeia, já que não há recurso para sentença lavrada na mais alta instância judiciária.
Uma coisa, porém, é certa: o PT sairá avariado – e, com ele, a memória do governo Lula.
É compreensível, pois, o empenho do ex-presidente em tentar adiar o julgamento, em pleno ano eleitoral, não hesitando em pressionar pessoalmente os próprios juízes.
A decisão terá forte repercussão, sobretudo nas grandes cidades, onde a massa crítica é maior e recairá inevitavelmente sobre os candidatos do PT e seus aliados.
Não é profecia; é uma mera viagem em torno do óbvio.
Se ao tempo em que o Mensalão veio à tona foi possível ao PT, apesar de todos os pesares, obter uma vitória eleitoral, isso se deveu a dois fatores: de um lado, a inapetência oposicionista em levar o caso às últimas consequências; de outro, a economia em alta. O cenário hoje é outro, bem outro.
Nem a oposição parece disposta a condescender, nem a economia está em alta – muito pelo contrário, dá sinais de fragilidade, sob os auspícios da crise europeia.
Em tal ambiente, o julgamento do Mensalão é uma bomba.
Pior: conviverá com outra bomba, que, na origem, era destinada à oposição: a CPI do Cachoeira. Considerando-se sua origem e objetivo – Lula a concebeu para colocar a oposição no banco dos réus e o Mensalão em segundo plano -, achava-se que não chegaria a nenhum lugar.
Eis que, confirmando a tradição, a CPI fugiu ao controle – e pode dar samba. A quebra do sigilo bancário da Delta, por exemplo, abre uma janela para o imponderável, podendo determinar a convocação de personagens até aqui blindados pela base governista, como o governador do Rio, Sérgio Cabral.
A presidente Dilma Roussef procura manter distância do assunto. Segundo se noticiou, contrariou Lula, ao dizer que não quer se envolver nem com a CPI, nem com o Mensalão, que, em tese, lhe seriam alheias. Em tese, claro.
Não se sabe até quando isso será possível, uma vez que este é um governo de continuidade, que herdou diversos personagens do anterior e a mesma base política. Não há como dissociá-los.
Dilma não existiria sem Lula, mas – coisas da política – hoje sugere que já não depende desse vínculo, que, ao contrário, em certos momentos a ameaça. CPI e Mensalão são alguns desses momentos.
A crise hoje tem data: 1º de agosto, início do julgamento do Mensalão. Não há mais meios de mudá-la.
Resta ao PT conceber uma engenharia de redução de danos, enquanto o prontuário de seus aliados continua sob o exame da CPI do Cachoeira.
Política não é território propício aos profetas, mas não é difícil prever dias turbulentos para o entorno do governo Dilma, tendo como pano de fundo as incertezas da economia. 
FONTE: BLOG DO NOBLAT / GLOBO.COM / TEXTO Ruy Fabiano jornalista

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