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segunda-feira, julho 23, 2012

23 de julho de 1993 - A chacina da candelária


"Dizem que ela existe pra ajudar /Dizem que ela existe pra proteger 
Eu sei que ela pode te parar / Eu sei que ela pode te prender...
... Dizem pra você obedecer / Dizem pra você responder 
Dizem pra você cooperar / Dizem pra você respeitar 
Polícia para quem precisa / Polícia para quem precisa de polícia..."
Titãs

Por volta da meia-noite cerca de 50 crianças de rua dormiam enroladas em cobertores próximo à Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. Nenhuma percebeu a chegada de dois Chevettes com as placas cobertas por plástico: um táxi, e o outro carro comum, ambos amarelos. Ao perceber que os meninos dormiam, um dos homens fez o sinal para que os comparsas se aproximassem. Em seguida foi o horror. Os homens começaram a atirar indiscriminadamente na direção dos menores.

Enquanto muitos preferiram fugir, sete deles que dormiam sobre uma banca de jornais, preferiram ficar imóveis, e foram executados com tiros na cabeça.

O local escolhido para a chacina foi a Praça Pio X, centro financeiro e sede de um símbolo sagrado do Rio: a Igreja de Nossa Senhora da Candelária.

Na verdade, a operação começara antes, na Rua do Acre, quando o lavador de carros Wagner dos Santos, de 22 anos, e mais dois menores foram apanhados por dois homens e jogados no banco de trás do Chevette amarelo. Wagner recebeu logo um tiro e desmaiou. Quando acordou estava estirado no chão perto do Museu de Arte Moderna, ao lado dos menores mortos.

As crianças e jovens que viviam nas ruas nas imediações da Igreja da Candelária eram atendidos de maneira voluntária pela Sra. Yvonne Bezerra de Mello. Neste dia, com o pedido de socorro, ela mesma conduziu mortos e feridos no seu carro, depois de uma longa espera pela chegada da polícia. 
Muitos dos sobreviventes foram morar debaixo de um viaduto em São Cristóvão e continuaram a serem atendidos pela Sra. Yvonne. Em 1992 o Rio de Janeiro terminou o ano com 424 crimes contra crianças de rua.
Crime repercutiu no mundo

A notícia correu o mundo. Muito se especulou sobre os reais motivos da chacina que causou a morte de seis menores e dois maiores de idade, além de várias crianças e adolescentes feridos.

O sobrevivente Wagner dos Santos testemunhou no processo criminal que indiciou sete policiais, entre militares e civis. Destes três foram condenados. Wagner, hoje em dia, vive na Suíça, protegido depois de receber ameaças de morte. Outro sobrevivente da chacina, Sandro Rosa do Nascimento, mais tarde voltou aos noticiários, quando participou do triste episódio do sequestro do ônibus 174, também no Rio.

FONTE: JORNAL DO BRASIL

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