Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

terça-feira, maio 07, 2013

Igreja e movimentos unificam luta na Transamazônica















Áreas da Prelazia do Xingu (de Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Uruará e Placas) e representantes do CIMI, MAB, CPT e CJP se reuniram nos dias 3 e 4 de maio, em Placas, para buscar o fortalecimento da luta na Transamazônica, numa extensão de aproximadamente 500 quilômetros, entre Anapu e Rurópolis.

Essa área sofre os reflexos negativos de Belo Monte e de outros projetos de expansão do capital na Amazônia, como é o caso do agronegócio, das madeireiras e mineradoras e carecem de políticas públicas elementares apesar de estar do eixo do chamado “desenvolvimento” e “progresso”.

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) denunciou que o INCRA assentou famílias em área indígena da Cachoeira Seca, e isso deixou os indígenas em situação extremamente vulnerável, motivando a invasão de fazendeiros e de madeireiros. A organização ainda relatou ainda a situação dramática dos indígenas na região de Belo Monte: “as migalhas da Norte Energia e do Governo Federal são desastrosas. Antes eles (indígenas) se organizavam e lutavam pela demarcação de suas terras e defesa da floresta, agora disputam as migalhas, brigam e se dividem. Em nossa região, passaram de 19 para 37 aldeias”, disse Nilda, agente do CIMI.

Padre Patrício, também do CIMI, afirmou que “é triste ver cacique carregando cesta básica em carrinho de mão na aldeia”. Em Altamira, casa alugada pela Norte Energia para os indígenas é uma calamidade, quente e superlotada. Segundo Nilda, isso motiva os indígenas a ficarem pelas ruas, aumentando o preconceito da população contra eles.

Trabalhadores rurais disseram que o IBAMA é ágil para liberar “grandes” projetos (hidrelétricas, mineradoras) e multar trabalhadores, mas lerdo e sem estrutura para fiscalizar os verdadeiros degradadores da floresta. Reclamaram da falta de políticas públicas. Citaram como exemplo a falta de energia para algumas dezenas de milhares de famílias e os péssimos serviços da Celpa (distribuidora privada de energia no Pará), com quedas constantes e apagões por dias seguidos. Vilas com mais de 500 famílias, como é o caso de Carlos Pena Filho (Km 40) e vale Piauense (Km 23) têm energia monofásica até hoje.

Eles relataram também a concentração e especulação da terra após a chegada de Belo Monte. Pioneira, uma comunidade com 75 famílias, já tem 37 famílias sem terra, e um lote de 100 hectares, que valia trezentos mil reais há pouco tempo, hoje é vendido a um milhão e duzentos mil reais.

As organizações estão dispostas a unir suas experiências nas diversas lutas. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) traz suas lutas e conquistas de Anapu. Após 8 anos do assassinato de Irmã Dorothy, a Pastoral trabalha em defesa da terra e dos povos da floresta.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) contribui com sua experiência desenvolvida nas áreas alagadas de Altamira. A Norte Energia quer impor indenização em dinheiro e casa de concreto para as quase 30 mil pessoas residentes nessas áreas. O Movimento defende reassentamento coletivo. Traz também sua luta pela definição do nível do lago em Assurini, implantação do Programa Luz Para Todos para as 6 mil famílias dessa área e luta pela moradia urbana em Brasil Novo, onde 173 famílias estão acampadas desde janeiro.
 
Todos estão dispostos a somar esforços para uma luta unitária. “Alguns instrumentos de luta construídos no passado, com grandes conquistas, não respondem mais a nossas expectativas, e, por isso, precisamos valorizar e juntar novos instrumentos. O povo organizado fará a luta, sem intermediários”, disseram.

O encontro de Placas contou ainda com a presença de padre Ton, deputado federal pelo PT de Rondônia. Ele falou do “perfil reacionário” do Congresso Nacional, criticou suas investidas contra a Constituição Federal para favorecer a expansão do capital em áreas de preservação e de povos tradicionais e classificou de “covardia” o descaso do governo com os indígenas. Disse ainda que o modelo energético atual no Brasil é centralizado e ditatorial.

FONTE: Correio da Cidadania

Nenhum comentário: